(...) vou falar sobre a chamada "Ditadura da Beleza" que impera nos países ditos desenvolvidos e a obsessão pela perfeição física. O que me assusta neste assunto é o facto de cada vez mais adolescentes, cada vez mais novas, quererem realizar cirurgias plásticas de modo a conseguirem atingir o ideal de beleza imposto pelo mundo ocidental.
Eu, até há muito pouco tempo, também já me interessei pela cirurgia estética. Tendo colegas que me chamavam "achatada", uma tia que sempre que me via me perguntava se as minhas maminhas tinham fugido e que estava tão magra que assim "ía aleijar o namorado", nunca gostei muito do corpo que tinha e só queria juntar uns troquinhos para colocar uns implantes. Pois, a verdade é que me fartei dos complexos que tinha e decidi que ia aprender a gostar do que a Natureza me tinha dado. Consegui. Cansei-me de tentar fingir ser o que não era, de tentar agradar a quem não consegue aceitar que cada um é como cada qual. Consegui aceitar-me como sou. E fico muito triste que exista por aí muita gente que não o consegue fazer porque os que as rodeiam não as deixam.
Quer seja com comentários desagradáveis ou pela pressão imposta pelos media, todos os dias somos bombardeados com fotografias de mulheres impossíveis, sem um único sinal ou réstia de celulite, cicatrizes, borbulhas ou imperfeições. Cada vez mais, as mulheres são retradas como objectos sexuais ao dispor dos homens pela cultura pop. Basta ler as letras e ver os clips das músicas que passam em canais como a Mtv, para o confirmar. Enquanto que dantes falavam de amor e do coração, hoje falam de sexo e de rabos. Enquanto que dantes, apareciam mulheres "normais" nos vídeoclips das músicas, hoje aparecem semi-nuas com grandes peitos e traseiros. Com tantas adolescentes a ouvir e a assitir a este tipo de músicas, como não hão de ser influenciadas pressionadas para ser assim? Como não havemos de nos sentir mal e frustrados, quando todos nos mostram o mesmo tipo de corpo, para onde quer que nos viremos?
Aproximadamente 20% das mulheres que procuram colocar implantes mamários têm entre 13 e 18 anos. Há dez anos atrás, os implantes que eram colocados continham entre 195 a 215 ml; hoje variam entre 255 a 285 ml. Movidas por interesses económicos, as empresas que vendem produtos de beleza, conseguem propositadamente baixar a auto-estima das potenciais consumidoras, para que estas comprem os seus produtos, de modo a poderem ficar como as mulheres dos seus anúncios publicitários. Mulheres essas cujas fotografias foram alteradas e que já não representam a realidade. Por isso, os produtos não irão resultar, as mulheres ficam ainda mais frustradas e assim vão comprar mais um produto, esperando que este resulte. É um ciclo vicioso que, diariamente, é alimentado pela indústria da "beleza". Actualmente somos quase obrigados a nascer sem o nariz torto, a ter uns super peitorais (no caso dos homens), uma cinturinha da vespa e um peito gigante (no caso das mulheres) e, quando envelhecemos, não podemos ter rugas, não podemos ter manchas na pele, é proíbido termos celulite ou estrias e acima de tudo, é péssimo admitirmos que mais de 30 anos. Atenção que não estou a referir-me aos casos em que a cirurgia plástica vai ajudar a melhorar a nossa saúde. Não sou nada contra, pelo contrário. Mas estarmo-nos a submeter a uma cirurgia para ter um rabo ou um peito maior, para disfarçar uma simples ruga ou para mudar o nariz, não concordo. Poderá aumentar a auto-estima, é verdade. Mas porque motivo temos de mudar aquilo que somos para nos podermos aceitar? Não devíamos começar a aceitar o que temos, antes de querermos mudar algo, só porque a sociedade acha que ficaria "melhor"? Tudo o que vai contra a "manada" é mau, temos de ser todos iguais e, se não o somos, vamos pagar por isso.
Infelizmente, o mundo funciona assim. A indústria da beleza é, também, responsável pela tortura diária de milhões de animais. Testamos cremes e maquilhagem em olhos de coelhos, em feridas na pele de cães, etc. Aplicamos injecções de botox em macacos e torturamos muitos outros, tudo em nome da "beleza". A minha pergunta é: Para quê? Caminhamos em direcção a uma sociedade de silicones e anti-rugas. Mas e o respeito e amor próprio, por onde andarão? Porque é tão dificil aceitar o que os nossos genes definiram? É por isso que, quando alguém faz algum comentário sobre a forma como sou ou deixo de ser, apenas respondo:
.
"Não gostas, não olhes."
PUBLICADA POR ANA DOMINGOS - http://amo-osanimais.blogspot.com/
Eu, até há muito pouco tempo, também já me interessei pela cirurgia estética. Tendo colegas que me chamavam "achatada", uma tia que sempre que me via me perguntava se as minhas maminhas tinham fugido e que estava tão magra que assim "ía aleijar o namorado", nunca gostei muito do corpo que tinha e só queria juntar uns troquinhos para colocar uns implantes. Pois, a verdade é que me fartei dos complexos que tinha e decidi que ia aprender a gostar do que a Natureza me tinha dado. Consegui. Cansei-me de tentar fingir ser o que não era, de tentar agradar a quem não consegue aceitar que cada um é como cada qual. Consegui aceitar-me como sou. E fico muito triste que exista por aí muita gente que não o consegue fazer porque os que as rodeiam não as deixam.
Quer seja com comentários desagradáveis ou pela pressão imposta pelos media, todos os dias somos bombardeados com fotografias de mulheres impossíveis, sem um único sinal ou réstia de celulite, cicatrizes, borbulhas ou imperfeições. Cada vez mais, as mulheres são retradas como objectos sexuais ao dispor dos homens pela cultura pop. Basta ler as letras e ver os clips das músicas que passam em canais como a Mtv, para o confirmar. Enquanto que dantes falavam de amor e do coração, hoje falam de sexo e de rabos. Enquanto que dantes, apareciam mulheres "normais" nos vídeoclips das músicas, hoje aparecem semi-nuas com grandes peitos e traseiros. Com tantas adolescentes a ouvir e a assitir a este tipo de músicas, como não hão de ser influenciadas pressionadas para ser assim? Como não havemos de nos sentir mal e frustrados, quando todos nos mostram o mesmo tipo de corpo, para onde quer que nos viremos?
Aproximadamente 20% das mulheres que procuram colocar implantes mamários têm entre 13 e 18 anos. Há dez anos atrás, os implantes que eram colocados continham entre 195 a 215 ml; hoje variam entre 255 a 285 ml. Movidas por interesses económicos, as empresas que vendem produtos de beleza, conseguem propositadamente baixar a auto-estima das potenciais consumidoras, para que estas comprem os seus produtos, de modo a poderem ficar como as mulheres dos seus anúncios publicitários. Mulheres essas cujas fotografias foram alteradas e que já não representam a realidade. Por isso, os produtos não irão resultar, as mulheres ficam ainda mais frustradas e assim vão comprar mais um produto, esperando que este resulte. É um ciclo vicioso que, diariamente, é alimentado pela indústria da "beleza". Actualmente somos quase obrigados a nascer sem o nariz torto, a ter uns super peitorais (no caso dos homens), uma cinturinha da vespa e um peito gigante (no caso das mulheres) e, quando envelhecemos, não podemos ter rugas, não podemos ter manchas na pele, é proíbido termos celulite ou estrias e acima de tudo, é péssimo admitirmos que mais de 30 anos. Atenção que não estou a referir-me aos casos em que a cirurgia plástica vai ajudar a melhorar a nossa saúde. Não sou nada contra, pelo contrário. Mas estarmo-nos a submeter a uma cirurgia para ter um rabo ou um peito maior, para disfarçar uma simples ruga ou para mudar o nariz, não concordo. Poderá aumentar a auto-estima, é verdade. Mas porque motivo temos de mudar aquilo que somos para nos podermos aceitar? Não devíamos começar a aceitar o que temos, antes de querermos mudar algo, só porque a sociedade acha que ficaria "melhor"? Tudo o que vai contra a "manada" é mau, temos de ser todos iguais e, se não o somos, vamos pagar por isso.
Infelizmente, o mundo funciona assim. A indústria da beleza é, também, responsável pela tortura diária de milhões de animais. Testamos cremes e maquilhagem em olhos de coelhos, em feridas na pele de cães, etc. Aplicamos injecções de botox em macacos e torturamos muitos outros, tudo em nome da "beleza". A minha pergunta é: Para quê? Caminhamos em direcção a uma sociedade de silicones e anti-rugas. Mas e o respeito e amor próprio, por onde andarão? Porque é tão dificil aceitar o que os nossos genes definiram? É por isso que, quando alguém faz algum comentário sobre a forma como sou ou deixo de ser, apenas respondo:
.
"Não gostas, não olhes."
PUBLICADA POR ANA DOMINGOS - http://amo-osanimais.blogspot.com/