Ao princípio a D. Filomena não reparou na perda gradual de peso da Pocinha. Ela era uma gata idosa habitualmente pesando cerca de 12 kg e estava já perto dos 8 kg! Mas isso não era tudo. O pêlo da Pocinha estava quebradiço, e havia zonas sem pêlo nenhum no pescoço, flancos e abdómen. Inquieta, a dona procurou ajuda no veterinário. O diagnóstico foi surpreendente: hipertiroidismo (bócio).
Mas afinal em que consiste esta doença?
Esta é a doença endócrina mais vulgar no gato idoso, especialmente a partir dos 10 anos. Aliás, cientistas norte-americanos estimam que cerca de 1 em cada 50 gatos nesta idade podem desenvolver esta doença que afecta o par de glândulas tiroideias em forma de borboleta, situadas na zona ventral do pescoço, junto à traqueia. O seu excesso de funcionamento produz um excesso de hormona tiroideia que vai afectar todo o organismo. A causa geralmente é cancerosa (benigna ou maligna).
Será uma doença nova? Nunca ouviu falar de um gato padecer de bócio? É natural. Actualmente com tantos avanços na nutrição e medicina veterinária, permitimos que os nossos amigos felinos vivam por muito mais tempo do que os gatos das nossas avós! E com a idade avançada, surgem as complicações típicas felinas. Esta é uma delas.
As hormonas da tiróide são substâncias químicas especiais que vão afectar todo o funcionamento do organismo. Actuam como um catalisador actua num motor. Um excesso na sua produção, vais acelerar todo o metabolismo do corpo, com consequências nefastas tais como: aumento do ritmo cardíaco, aumento da sede, perda de peso, de pêlo (que teima em voltar a nascer), micção mais frequente, pode haver diarreia, o gato tende a se tornar mais activo, brincalhão, rabugento, pode vocalizar mais, ter mais apetite apesar de emagrecer e ainda ter acessos de vómito. Sem ser tratado a tempo, o bócio do gato conduz à insuficiência cardíaca e renal, sendo estas 2 condições fatais.
O factor chave é detectar esta doença a tempo e tratá-la! Muitos donos até ficam contentes pelo facto dos seu gato outrora tão obeso, agora de repente ficar mais activo e magro! Mas quando o pêlo começa a cair ou o gato desata a miar às tantas da manhã a pedir por comida, o caso muda de figura, e uma consulta no veterinário começa a ser agendada. O diagnóstico definitivo consiste em medir os valores da hormona da tiróide (T4) circulante. O teste é dispendioso mas seguro.
TRATAMENTOS POSSÍVEIS
Existem 3 opções, se bem que optamos geralmente pela última
a) cirurgia – a remoção da glândula afectada pelo tumor. Nem todos os veterinários o fazem no nosso país. Há o risco da anestesia geral (o gato já está idoso) e ainda o risco de afectar as minúsculas mas muito necessárias glândulas paratiroideas que estão mesmo adjacentes. Isto seria muito grave para a saúde do animal! Ademais a cura definitiva não é garantida e o custo da cirurgia é por demais oneroso.
b) Radioterapia com Iodo-131. O tratamento é por via injectável e requer internamento hospitalar (3 a 14 dias). Não é necessário anestesia geral, trata TODO o tecido afectado da tiróide, destruindo as células tumorais. É muito específico e com eficácia superior a 90%. Tem poucos efeitos colaterais para o animal. Todavia é muitíssimo dispendioso e exige remoção cuidadosa dos dejectos do animal no areião durante 2 meses (pois podem conter resíduos radioactivos).
c) Metimazol – medicação oral. É um tratamento económico e facilmente disponível. Todavia é vitalício e requer 2 administrações diárias. Se o gato não aprecia tomar comprimidos, pode tornar-se complicado! Mas é tudo uma questão de jeito. Poderá ter como efeitos secundários: vómitos, diarreia, dermatites e problemas renais. Pode não parar o desenvolvimento do tumor. Foi este o tratamento de escolha no caso da Pocinha e que até hoje está a dar bons resultados, apesar da batalha diária para administrar o medicamento!
Neste momento estudos estão ser levados a cabo no intuito de descobrir outros meios de tratamento ou mesmo de prevenção. Esperamos ansiosamente pelos resultados destes estudos em finais de 2001.
http://arcadenoe.sapo.pt/artigo/hipertiroidismo_no_gato/227
Mas afinal em que consiste esta doença?
Esta é a doença endócrina mais vulgar no gato idoso, especialmente a partir dos 10 anos. Aliás, cientistas norte-americanos estimam que cerca de 1 em cada 50 gatos nesta idade podem desenvolver esta doença que afecta o par de glândulas tiroideias em forma de borboleta, situadas na zona ventral do pescoço, junto à traqueia. O seu excesso de funcionamento produz um excesso de hormona tiroideia que vai afectar todo o organismo. A causa geralmente é cancerosa (benigna ou maligna).
Será uma doença nova? Nunca ouviu falar de um gato padecer de bócio? É natural. Actualmente com tantos avanços na nutrição e medicina veterinária, permitimos que os nossos amigos felinos vivam por muito mais tempo do que os gatos das nossas avós! E com a idade avançada, surgem as complicações típicas felinas. Esta é uma delas.
As hormonas da tiróide são substâncias químicas especiais que vão afectar todo o funcionamento do organismo. Actuam como um catalisador actua num motor. Um excesso na sua produção, vais acelerar todo o metabolismo do corpo, com consequências nefastas tais como: aumento do ritmo cardíaco, aumento da sede, perda de peso, de pêlo (que teima em voltar a nascer), micção mais frequente, pode haver diarreia, o gato tende a se tornar mais activo, brincalhão, rabugento, pode vocalizar mais, ter mais apetite apesar de emagrecer e ainda ter acessos de vómito. Sem ser tratado a tempo, o bócio do gato conduz à insuficiência cardíaca e renal, sendo estas 2 condições fatais.
O factor chave é detectar esta doença a tempo e tratá-la! Muitos donos até ficam contentes pelo facto dos seu gato outrora tão obeso, agora de repente ficar mais activo e magro! Mas quando o pêlo começa a cair ou o gato desata a miar às tantas da manhã a pedir por comida, o caso muda de figura, e uma consulta no veterinário começa a ser agendada. O diagnóstico definitivo consiste em medir os valores da hormona da tiróide (T4) circulante. O teste é dispendioso mas seguro.
TRATAMENTOS POSSÍVEIS
Existem 3 opções, se bem que optamos geralmente pela última
a) cirurgia – a remoção da glândula afectada pelo tumor. Nem todos os veterinários o fazem no nosso país. Há o risco da anestesia geral (o gato já está idoso) e ainda o risco de afectar as minúsculas mas muito necessárias glândulas paratiroideas que estão mesmo adjacentes. Isto seria muito grave para a saúde do animal! Ademais a cura definitiva não é garantida e o custo da cirurgia é por demais oneroso.
b) Radioterapia com Iodo-131. O tratamento é por via injectável e requer internamento hospitalar (3 a 14 dias). Não é necessário anestesia geral, trata TODO o tecido afectado da tiróide, destruindo as células tumorais. É muito específico e com eficácia superior a 90%. Tem poucos efeitos colaterais para o animal. Todavia é muitíssimo dispendioso e exige remoção cuidadosa dos dejectos do animal no areião durante 2 meses (pois podem conter resíduos radioactivos).
c) Metimazol – medicação oral. É um tratamento económico e facilmente disponível. Todavia é vitalício e requer 2 administrações diárias. Se o gato não aprecia tomar comprimidos, pode tornar-se complicado! Mas é tudo uma questão de jeito. Poderá ter como efeitos secundários: vómitos, diarreia, dermatites e problemas renais. Pode não parar o desenvolvimento do tumor. Foi este o tratamento de escolha no caso da Pocinha e que até hoje está a dar bons resultados, apesar da batalha diária para administrar o medicamento!
Neste momento estudos estão ser levados a cabo no intuito de descobrir outros meios de tratamento ou mesmo de prevenção. Esperamos ansiosamente pelos resultados destes estudos em finais de 2001.
http://arcadenoe.sapo.pt/artigo/hipertiroidismo_no_gato/227