Na zona onde moro, o que não falta é fauna diversificada. E esta vai-se revelando ao longo do dia. Comecemos pela madrugada: se tiver a sorte (ou o azar) de acordar por volta da hora do nascer do sol, os meus ouvidos são logo inundados por um chilrear incessante de tudo o que voa. Os cantos são tantos que sou incapaz de distinguir uns dos outros e muito menos de identificar as aves a que eles pertencem, mas adoro ouvi-los. Adoro ouvir os cantos das aves naquela hora do dia porque é intenso, alegre e muito diversificado. Parece que cada ave que por aqui anda se põe a cantar, num coro de melodias confuso mas muito bonito. Se por um lado odeio acordar assim tão cedo, adoro ouvir os pássaros a cantar, porque não o voltam a fazer daquela forma durante o dia todo. Parece que estão a dar os bons-dias ao sol, é mesmo bonito. Caso acorde por volta das 8 horas, já não se ouvem as aves a cantar mas sim um chapim-azul, que decidiu vir bicar na janela junto aos quartos, todos os dias, à mesma hora. Não falha. Depois, quando regresso a casa das aulas, lá está ele, toc-toc-toc no vidro da janela. É mesmo giro, porque o passarinho não nos vê e podemos ficar ali a olhar para ele a armar-se em pica-pau. E para quem nunca viu um chapim-azul de perto, é uma coisinha fofa. Mesmo fofa.
Depois, ao longo do dia vou-me deparando com rolas, muitas rolas, pardais, verdilhões e outras aves pequeninas; formigas; borboletas; imensas abelhas e similares que vêm colher o pólen das flores do meu quintal; aranhas dos mais variados feitios e tamanhos; coelhos bravos e uma carrada de sardaniscas e, por vezes, corvos e gaivotas. Depois, se tiver paciência para procurar, consigo descobrir um monte de besouros, escaravelhos, minhocas e outros insectos no quintal. Quando anoitece, consigo ver quase todos os dias um morcego a voar à volta de um candeeiro que está mesmo em frente à minha casa e, por vezes, um mocho. No Verão vejo imensas libelinhas, baratas (especialmente na garagem, o que não é agradável), osgas, centopeias, etc. Ah e, depois, durante todo o ano, tenho sempre a oportunidade e o privilégio de ver um belo, mas chato exemplar da espécie canis familiaris, mais conhecido por Vitória, a Gorda. A verdade é que vivo rodeada de seres vivos, mesmo que à primeira vista não se veja vivalma. Existe sempre vida, mesmo que pareça que não. E, para além destas espécies que diariamente vou encontrando, quantas e quantas eu desconheço? Só no meu quintal devem existir milhares de insectos, biliões de seres microscópicos! E no que toca à flora? Tenho dezenas de espécies de plantas, de entre as ervas, árvores e flores, que vão desde a laranjeira à simples erva-daninha. E se nos pusermos a pensar na quantidade de vida que existe neste pequeno planeta azul... é tão imensa que nem conseguimos imaginar! Quanta dessa vida está ainda por descobrir? Deve ser tanta...! A diversidade de formas, tamanhos, feitios, cores, espécies que existe é de tal forma enorme que nos faz sentir pequeninos, pequeninos. Pelo menos a mim faz. E penso que esta enorme quantidade de vida e, essencialmente, a sua variedade não pode deixar de ser, para nós, uma lição de humildade. Somos apenas mais uma espécie no meio de milhões, um ser vivo com determinadas características rodeado por um infinito de outros seres com um outro infinito de características distintas. Todas são especiais à sua maneira, todas têm o seu papel a desempenhar neste complexo ecossistema chamado Terra. E não podemos, de forma alguma, esquecer-mo-nos disto. Devemos sentir-mo-nos humildes perante a vida que nos rodeia, pois a verdade é que não fazemos a mínima ideia das capacidades extraordinárias que essa vida detém. Quem nos garante que a existência daquela espécie que tratamos como se fosse nada não foi essencial para que a nossa própria espécie pudesse ter surgido? Nós, que procuramos tão avidamente distanciar-mo-nos das outras espécies que vemos como inferiores, dispensáveis e que podemos destruir a nosso belo prazer, somos tão semelhantes a elas que nem imaginamos o quanto. Afirmamos que não somos animais, somos pessoas. Afirmamos que não temos nada a ver com o porco que esventramos num matadouro. Afinal somos pessoas, não porcos. Como nos enganamos! O sangue que corre nas veias de um porco, de uma vaca, de um leão, de um cão, de uma gaivota, de um golfinho é o mesmo. Só muda o aspecto do recipiente onde este corre. A vida deve ser respeitada, independentemente do aspecto que adoptou. Afinal, um corpo coberto de penas não é mais desprovido de vida que um coberto de pelos. E certamente que um humilde e discreto veado não tem menos vida que um arrogante e egocêntrico humano. Lá está, só muda o aspecto. Mas continua a ser Vida.
Depois, ao longo do dia vou-me deparando com rolas, muitas rolas, pardais, verdilhões e outras aves pequeninas; formigas; borboletas; imensas abelhas e similares que vêm colher o pólen das flores do meu quintal; aranhas dos mais variados feitios e tamanhos; coelhos bravos e uma carrada de sardaniscas e, por vezes, corvos e gaivotas. Depois, se tiver paciência para procurar, consigo descobrir um monte de besouros, escaravelhos, minhocas e outros insectos no quintal. Quando anoitece, consigo ver quase todos os dias um morcego a voar à volta de um candeeiro que está mesmo em frente à minha casa e, por vezes, um mocho. No Verão vejo imensas libelinhas, baratas (especialmente na garagem, o que não é agradável), osgas, centopeias, etc. Ah e, depois, durante todo o ano, tenho sempre a oportunidade e o privilégio de ver um belo, mas chato exemplar da espécie canis familiaris, mais conhecido por Vitória, a Gorda. A verdade é que vivo rodeada de seres vivos, mesmo que à primeira vista não se veja vivalma. Existe sempre vida, mesmo que pareça que não. E, para além destas espécies que diariamente vou encontrando, quantas e quantas eu desconheço? Só no meu quintal devem existir milhares de insectos, biliões de seres microscópicos! E no que toca à flora? Tenho dezenas de espécies de plantas, de entre as ervas, árvores e flores, que vão desde a laranjeira à simples erva-daninha. E se nos pusermos a pensar na quantidade de vida que existe neste pequeno planeta azul... é tão imensa que nem conseguimos imaginar! Quanta dessa vida está ainda por descobrir? Deve ser tanta...! A diversidade de formas, tamanhos, feitios, cores, espécies que existe é de tal forma enorme que nos faz sentir pequeninos, pequeninos. Pelo menos a mim faz. E penso que esta enorme quantidade de vida e, essencialmente, a sua variedade não pode deixar de ser, para nós, uma lição de humildade. Somos apenas mais uma espécie no meio de milhões, um ser vivo com determinadas características rodeado por um infinito de outros seres com um outro infinito de características distintas. Todas são especiais à sua maneira, todas têm o seu papel a desempenhar neste complexo ecossistema chamado Terra. E não podemos, de forma alguma, esquecer-mo-nos disto. Devemos sentir-mo-nos humildes perante a vida que nos rodeia, pois a verdade é que não fazemos a mínima ideia das capacidades extraordinárias que essa vida detém. Quem nos garante que a existência daquela espécie que tratamos como se fosse nada não foi essencial para que a nossa própria espécie pudesse ter surgido? Nós, que procuramos tão avidamente distanciar-mo-nos das outras espécies que vemos como inferiores, dispensáveis e que podemos destruir a nosso belo prazer, somos tão semelhantes a elas que nem imaginamos o quanto. Afirmamos que não somos animais, somos pessoas. Afirmamos que não temos nada a ver com o porco que esventramos num matadouro. Afinal somos pessoas, não porcos. Como nos enganamos! O sangue que corre nas veias de um porco, de uma vaca, de um leão, de um cão, de uma gaivota, de um golfinho é o mesmo. Só muda o aspecto do recipiente onde este corre. A vida deve ser respeitada, independentemente do aspecto que adoptou. Afinal, um corpo coberto de penas não é mais desprovido de vida que um coberto de pelos. E certamente que um humilde e discreto veado não tem menos vida que um arrogante e egocêntrico humano. Lá está, só muda o aspecto. Mas continua a ser Vida.